A indústria do petróleo nasceu muito tardiamente no Brasil, mesmo quando comparada a de outros países da América Latina. A emergência dessa atividade produtiva no país ocorre em consequência da persistência de atores nacionais públicos e privados, que apostaram no potencial geológico do país. Nessa trajetória singular evidencia-se também que a institucionalização das geociências ocorre a reboque da atividade produtiva. Foi quando o Estado brasileiro se empenhou em desenvolver a atividade petrolífera no país, por meio da criação do Conselho Nacional do Petróleo, em 1938, e, posteriormente, da Petrobras, em 1953, que ficou evidente a ausência de recursos humanos qualificados no campo das geociências no Brasil. Esse último aspecto é particularmente impressionante em um país de dimensão continental e de tantas riquezas minerais. Essa experiência singular é descrita de forma cativante e magistral por Drielli Peyerl. Ela retoma essa história desde os albores da indústria do petróleo, em 1864, até o final dos anos 1960, quando a Petrobras realiza os seus primeiros avanços na produção offshore. O caso brasileiro ilustra claramente a tese de que o progresso na formação de recursos humanos e, posteriormente, na pesquisa, somente se deu, em nosso país, em decorrência de um projeto explícito de desenvolvimento. De fato, foi a partir do imperativo da industrialização, e da decorrente expansão da demanda interna de derivados de petróleo, que surgiu a necessidade de produzir petróleo em solo nacional. Contudo, foi apenas com a expansão da indústria do petróleo no país que se consolidou a necessidade de formar recursos humanos qualificados, contribuindo para a sedimentação da ciência geológica no país. Nesse sentido, a Petrobras teve um papel decisivo na criação dos primeiros cursos de geologia do país, cabendo-lhe exercer a função de agência de fomento na institucionalização dessa disciplina.
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