Comparar protestantes e pentecostais do campo religioso brasileiro é ousadia de poucos. A longa história de ambas as tradições, a diversidade interna e a versatilidade, essa última mais evidente nas últimas décadas, constituem grande desafio para o pesquisador. A pesquisadora, neste caso. Mas, os resultados, apresentados neste livro, demonstram o sucesso; decorrente, a meu ver, do mergulho destemido no cotidiano dos seguidores dessas tradições ao mesmo tempo distintas e semelhantes. As entrevistas em profundidade, as observações em detalhe, o cuidado na verificação das informações, práticas e depoimentos são elementos da consistência empírica desta pesquisa, própria da vocação antropológica. A análise cuidadosa dos registros da pesquisa de campo resulta de um diálogo criativo com a antropologia interpretativa e com autores contemporâneos da sociologia das religiões. Parece-nos singular a postura da autora frente aos fatos/sujeitos pesquisados: vistos como uma partitura musical perante os quais a autora se coloca “como intérprete dos compositores-intérpretes que constroem/executam uma obra... sempre inacabada”.

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